domingo, 30 de novembro de 2008

Sr. Raul dos Santos Seixas

"Eu já paguei a conta do meu telefone
Eu já paguei por eu falar
E já paguei por eu ouvir
Eu já paguei a luz, o gás e o apartamento
Kitnete de um quarto
Que eu comprei a prestação pela Caixa Federal
Au, au, au, eu não sou cachorro não (não! não! não!)
Eu liquidei a prestação do paletó, do meu sapato
Da camisa que eu comprei pra domingar com meu amor
Lá no Cristo, lá no Cristo Redentor
Ela gostou (oh!) e mergulhou (oh!)
E o fim do mês vem outra vez"

Trecho da música "É Fim Do Mês" - Raul Seixas

sábado, 29 de novembro de 2008

Não é Proibido

Só uma artista talentosa e classuda como a Marisa Monte para cantar uma letra que diz "Jujuba, bananada, pipoca, cocada, queijadinha, sorvete, chiclete, sundae de chocolate..." e não parecer canção... infantil. Simples assim.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quente e frio



Ela já tinha acertado em "I Kissed A Girl", música que possui uma batida à la Gary Glitter. Agora, a "moleca" reaparece com um early 80's pop rock que pode muito bem agradar a gregos e a troianos. Titio gostou... e babou. ;)

"Hot N' Cold" - Katy Perry

O nascer da modernidade (Blank Generation)

O verdadeiro começo desta geração revolucionária estava nos primórdios dos anos 60. Em meio ao sucesso do pop rock de Beatles, Beach Boys e Rolling Stones, estavam escondidas bandinhas de garagem compostas por adolescentes americanos rebeldes viciados em guitarras distorcidas, batidas sincopadas e gritos incendiários. Esse clima é recuperado no final da década por grupos como MC5 e Stooges (com os vocais de Iggy Pop). Porém, um pouco antes, o Velvet Underground (de Lou Reed) já tinha contribuído ao seu modo, trazendo nuances de art rock e letras desconcertantes para a corrente psicodélica. Os experimentos de Captain Beefheart e o rock mágico de Alex Chilton também não podem ser esquecidos.
No começo dos 70, apareceram os New York Dolls (empresariados por Malcolm McLaren), um misto de garagem e glitter rock, responsáveis diretos pelo punk inglês (McLaren "criou" mais tarde os Sex Pistols).
Em fins de 74, todos os detalhes citados acima vão criar um perfil revolucionário em notáveis cérebros americanos. Surgem, então, Patti Smith, que resolveu fazer do rock uma base para a sua poesia junky, e Jonathan Richman, que, ao lado de sua banda Modern Lovers, agrupou country rock com lindas baladas.
No entanto, o nome chave para entender parte desse processo é o clube CBGB, em New York. Por essa casa noturna passaram grandes nomes do rock que viriam a ser ícones do movimento. Além da citada Patti Smith, por volta de 75/76 lá estiveram: o power-pop-bubblegum dos Ramones, as ótimas experimentações dos Talking Heads, o pop rock de Blondie (da loira Debbie Harry) e as hipnóticas guitarras do Television.
Mas lógico que existiam outros nomes que se destacavam fora de New York na mesma época, por exemplo: Runnaways, Tom Petty e o então semi-desconhecido Bruce Springsteen.
No decorrer de 76, vários grupos vão sendo incorporados à cena de New York: os Fleshtones revivem os anos 60, os ensandecidos The Cramps criam o psychobilly e Richard Hell And The Voidoids caracterizam essa geração com o seu perfil blank generation.
De certa forma, o caminho de transformações, após as décadas de 50 e 60, estava aberto novamente e muitos aproveitaram a oportunidade: Mink De Ville, Laurie Anderson, Glenn Branca, DNA, Suicide, etc...
A partir dessa cena novaiorquina, foi criado um novo conceito para o rock e várias correntes musicais viriam aparecer ao longo dos anos.

Discografia Básica

Blondie - Parallel Lines
Modern Lovers - The Modern Lovers
Patti Smith - Horses
Richard Hell And The Voidoids - Blank Generation
Ramones - Rocket To Russia
Talking Heads - Talking Heads '77
Television - Marquee Moon
The Cramps - Songs The Lord Taught Us

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sweet sixteen


Mallu(ca) Magalhães (16) e Marcelo Camelo (30). O amor não é, "realmente", lindo?! Quem será que canta para o outro dormir, hein?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A volta dos que não foram

Depois de vários anos, eis que o planeta Terra deslumbra a democracia chinesa. Não, não tem nada a ver com o fim do comunismo no país de maior população do mundo e sim, claro, com o "novo" lançamento do Guns N' Roses, que estava engavetado há mais de uma década. Se uma banda iniciante tivesse gravado o disco, seria uma estréia promissora, mas, como se trata de Axl Rose e seus cometas, o buraco é mais embaixo. Mesmo assim, "Chinese Democracy" é deveras interessante. Porém, não espere só aquele hard rock clássico dos discos anteriores. O que temos aqui é um Guns N' Roses atualizado, versão 2008. É a velha banda (leia-se Axl) absorvendo influências de New Metal (Ministry, Nine Inch Nails, etc) e tirando proveito da tecnologia que um estúdio de gravação pode oferecer (tem uns baticuns aqui e uns toins ali). Em certos momentos, chega a lembrar Smashing Pumpkins (?!). Ok, sobre o disco (e sendo direto): "Chinese Democracy" traz um conjunto de rocks "moderninhos" ("Shackler's Revenge", "Better" e "Scraped") e de boas baladas ("Street Of Dreams", "Catcher In The Rye" e "Sorry"). Porém, duas faixas merecem um destaque especial por serem diferentes das restantes: "If The World", que tem uma guitarra flamenca e uma levada malemolente, e "Prostitute", com sua batida sincopada, piano e violinos. No balanço final, e após várias "orelhadas", concluo que quem saiu ganhando mesmo foram os fãs normais (e aqueles novos que foram influenciados pelos seus tios/pais), porque os xiitas vão torcer o nariz. Agora, o mais importante: o restante da banda original faz falta? Em estúdio, não muito. Ao vivo... talvez.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Loucos De Cara

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Não importa
que Deus jogue pesadas moedas do céu
vire sacolas de lixo pelo caminho
Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
sob o luar do oriente
fica na tua
Não importam vitórias
grandes derrotas, bilhões de fuzis
aço e perfume dos mísseis nos teus sapatos
Os chineses e os negros
lotam navios e decoram canções
fumam haxixe na esquina
fica na tua

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Não importa
que Lennon arme no inferno a polícia civil
mostre as orelhas de burro aos peruanos
Garibaldi delira
puxa no campo um provável navio
grita no mar farroupilha
fica na tua
Não importa
que os vikings queimem as fábricas do cone sul
virem barris de bebidas no Rio da Prata
M´boitatá nos espera
na encruzilhada da noite sem luz
com sua fome encantada
fica na tua

Poetas loucos de cara
Soldados loucos de cara
Malditos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Se um dia qualquer
tudo pulsar num imenso vazio
coisas saindo do nada
indo pro nada
se mais nada existir
mesmo o que sempre chamamos REAL
e isso pra ti for tão claro
que nem percebas
se um dia qualquer
ter lucidez for o mesmo que andar
e não notares que andas
o tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
se ele é azul, não importa
fica na tua

Videntes loucos de cara
Descrentes loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem
anda comigo
pelo planeta
vamos sumir!
Vem
nada nos prende
ombro no ombro
vamos sumir!

Vitor Ramil

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Te cuida, Franz!

Escutei o novo single do Franz Ferdinand e... hum... não sei. Acho que a parada para eles, depois do segundo disco, foi ruim. "Ulysses" não tem aquela "pegada Gang Of Four" característica. Ao contrário, parece que a banda estava dispersa no estúdio, sem inspiração, e resolveu gravar assim mesmo (em compasso "quebrado", meio arrastado, com guitarras escondidas e efeitos eletrônicos que aparecem do nada). Talvez seja apenas uma música mal escolhida para ser single. Talvez seja uma mudança proposital de estilo, ou acréscimo de outro, sei lá. Pode até ser precipitação da minha parte. Mas confesso que ouvi umas cinco vezes e não "grudou na cabeça". Péssimo sinal. Que venha, então, o terceiro disco.

P.S. Não escutei o single anterior, "Lucid Dreams". Perdi alguma coisa?

domingo, 23 de novembro de 2008

Certo ou errado?

Existem três forças poderosas neste planeta: amor, morte e dinheiro. As duas primeiras são naturais, a última foi criada pelo ser humano. E o que isso significa? Como diria Friedrich Schiller: "Uma única força MOVE o mundo: o interesse." Pararatibum!

sábado, 22 de novembro de 2008

The Name Of This Band Is...

Voltei de viagem, estou absorto e sem idéias "originais". Portanto, vou aproveitar a falta de assunto e escrever sobre uma das minhas bandas favoritas (e se sua praia for Franz Ferdinand, Vampire Weekend, Ween, etc, vale a pena conferir): Talking Heads.

David Byrne (guitarra, vocais), Tina Weymouth (baixo, teclados) e Chris Frantz (bateria), começam a tocar em 1975. Em 1977, Jerry Harrison (teclados, guitarras), ex-Modern Lovers, é integrado ao grupo. Apesar do início vinculado à cena blank generation, os Talking Heads tornaram-se uma das bandas mais criativas e conhecidas da new wave americana (apesar desse rótulo não servir muito bem para eles). Vamos a uma rápida análise da (interessante) seqüência de discos:
O primeiro ("Talking Heads' 77", 1977) tinha aquele estigma de pop rock misturado com "esquisitice", que acabou virando marca registrada do quarteto, graças aos vocais esquizofrênicos de Byrne. O segundo ("More Songs About Buildings And Food", 1978) foi produzido por Brian Eno (ex-Roxy Music), em uma parceria que durou até 82, e já era uma tentativa de acrescentar outros estilos (funk/soul) à música feita pelos Heads. O terceiro ("Fear Of Music", 1979) trazia ritmos africanos, clima etéreo, denso, uma mudança total. O quarto ("Remain In Light", 1980) apresentava o lado experimental do grupo e de difícil assimilação (até para quem estava acostumado com os lançamentos anteriores). O quinto ("The Name Of This Band Is Talking Heads", 1982), primeiro a ser lançado no Brasil, era um disco duplo ao vivo. O sexto ("Speaking In Tongues", 1983) mantinha o mesmo caminho experimental, porém mais pop e palatável. O sétimo ("Stop Making Sense", 1984), outro ao vivo, era a trilha sonora do filme homônimo (que, por sua vez, era um registro da turnê do disco anterior). O oitavo ("Little Creatures", 1985) foi um grande sucesso, até no Brasil e, de certa forma, um retorno triunfal às origens. Por último, e sem mais delongas, o nono ("True Stories", 1986) e o décimo ("Naked", 1988) eram trabalhos dispersivos, com repetições de velhas fórmulas, o que contribuiu para o término da banda, em 1991.
Desta feita, o circulo estava fechado e para um grupo que sempre tentava mudar de estilo, e que invariavelmente acertava, os "Cabeças Falantes" foram geniais (pelo menos até o oitavo disco).

P.S. David Byrne tornou-se um daqueles artistas estrangeiros que adoram visitar o nosso país. Por sinal, ele acompanhou Caetano Veloso durante a apresentação do baiano no VMB de 2004, quando houve o famoso problema de sonorização no palco, e também foi o responsável por "revelar" Tom Zé para o mundo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Amy-a ou deixe-a


Amy Winehouse mostrou algumas de suas músicas novas para o presidente de sua gravadora, que afirmou, em entrevista a uma rádio, que as faixas são "sensacionais". Sim, sem sombra de dúvida que a gravadora está babando em cima dela. Quanto mais porra-louquice, melhor. "Back to Black", que a tornou estrela pop, já vendeu mais de 10 milhões de cópias ao redor do mundo e "Frank", primeiro lançamento da moçoila, quando ainda era "normal", e que todo mundo cagou e andou na época, tem, agora, duas versões no mercado (!). Oportunismo é isso aí.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

De volta para o futuro

Este texto foi inspirado no post anterior, e poderia muito bem ser chamado de A Carta - 15 anos depois. Vamos lá...

Para mim, a situação é clara: não está existindo renovação no público pop rock. O fato é que o público jovem está migrando para o hip hop e/ou R&B (ou axé, pagode e sertanejo, no Brasil). O emo tem culpa? Não, porque a cultura pop vive de rótulos (mesmo que o produto seja uma droga e com atitude pífia). É necessário marketing. É necessário estardalhaço, passar na TV, tocar no rádio, etc. O público médio (a grande maioria) não fica pesquisando na internet à procura de novas bandas. O público médio não está preocupado em ler críticas em jornais ou revistas. O público médio mal sabe alguma música dos Stones além de "Satisfaction" ("Angie" ou "Start Me Up", talvez). Ele quer mais é ver a sua TV no domingo ou escutar o seu rádio no carro. Sim, eu afirmo que a TV e o rádio ainda são veículos poderosíssimos para a cultura pop. Não sei... A minha cabeça é muito pop rock anos 80. Naquela época, era "cool" você ser descolado e conhecer bandinhas que ninguém nunca tinha ouvido falar, porque o rock era a bola da vez. Hoje em dia, periga o carinha morrer abraçado com a sua nova descoberta no MySpace. Pois é, Arctic Monkeys foi descoberto na internet, não é? Ok, e daí? Não tenho mais paciência para banda indie (eu e muito menos o tal público médio). Aliás, na minha opinião de "roqueiro véio bitolado", uma coisa é banda indie, outra é banda de pop rock. Quando o alternativo virou mainstream (alô grunge), tava na cara que o último filão a ser explorado pela mídia iria resultar, a médio/longo prazo, em... nada. E aí está o bom e velho rock and roll marginalizado, previsível, boçal, quase um sub gênero. Por outro lado, o famigerado pop FM padrão vai dando as cartas. Rihanna, Lady Gaga, Katy Perry, OutKast, Black Eyed Peas, Justin Timberlake, etc, estão realizando trabalhos intressantes e bem produzidos (por sinal, queira sim, queira não, com cara de pop anos 80).
Ah... Se tem algum grupo de rock contemporâneo que mereça destaque? Tem: Coldplay (que possui perfil indie, mas também sabe ser pop, puerra!). Que joguem as pedras.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Carta

Fui um assíduo leitor da "lendária" revista Bizz desde o seu início. Para muitos, ela era uma espécie de "Bíblia" a ser seguida fielmente, e não foi diferente comigo. De 1985 até 1998 (quando parei de comprar), tive o privilégio de acompanhar pelas suas páginas o surgimento de várias cenas musicais (BRock, grunge, mangue beat, brit pop, etc.) e a cobertura de alguns festivais que se tornaram clássicos com o passar dos anos (Rock In Rio, Live Aid, Hollywood Rock, etc.). A Bizz (Showbizz, durante um tempo) foi publicada ininterruptamente até 2001. Retornou em 2005. E encerrou as suas atividades em 2007. Em junho de 1993, quando eu ainda morava no RS, enviei uma carta "quilométrica", escrita à mão, para a redação da revista (indignado com o sucesso do grunge), que foi publicada (em parte) e respondida. Agora, resolvi compartilhar os meus "15 minutos de fama" (lembre-se que naquela época não exista blog, Twitter, Facebook, etc. A interatividade, sobretudo com um veículo de comunicação, era mais difícil). Divirta-se com a minha escrita "meia-boca", totalmente pretensiosa, e com a resposta "zoada".

DESPEDIDA (Nota do blog: título dado pela redação da Bizz)

Quando o assunto geral era Madonna, Michael Jackson, U2, Dire Straits, mainstream em geral, a crítica corria para o underground ou alternativo como uma forma de dizer que o novo estava lá. No momento em que o alternativo se tornou de domínio público a nível de massa e nas esferas de milhões de dólares, para onde vai agora? É por isso que acho que o rock está com os dias contados, jogado em alguma esquina, em farrapos e agonizando. Quando ele estiver morto não me convidem para a missa de sétimo dia, mesmo porque me formei faz quatro meses e ainda estarei procurando um emprego, a vida não está fácil e meus interesses são outros. Infelizmente me cansei de farra.

Charles Pereira
Rio Grande, RS

Que isso, tchê? Se formou, vai trampar, então vai parar de ouvir som e ir em festas? Ficou louco? Farra é que nem praga, uma vez no sangue nunca mais sai. Uma hora você estará bonitinho no escritório e vai dar aquela sensação de opressão. Você vai querer alguma zoeira. Não careteie, o que o mundo menos precisa é de mais gente bundona.

domingo, 16 de novembro de 2008

Organizar é sempre mais difícil que bagunçar

Na Física, a Segunda Lei da Termodinâmica traz no seu conteúdo uma grandeza geralmente associada ao grau de desordem de um sistema macroscópico: a entropia. O nosso mundo é entrópico, ou seja, há uma tendência natural das coisas se desordenarem espontaneamente. Em uma interpretação livre, quando o nosso corpo (traidor) envelhece, é a entropia atuando. Quando frutas, verduras e legumes apodrecem, é a entropia atuando. Quando nossa vida está fora do controle e tudo se torna um caos, é a entropia atuando. Etc e tals. E o que fazer para minimizar as consequências ruins de uma lei da Física irrefutável e estabelecida? Cuidar da saúde, não acomodar-se diante de uma situação desfavorável e sentir-se forte a cada obstáculo transposto (sem ressentimentos). Moral do post: Carpe Diem.

sábado, 15 de novembro de 2008

Telhados De Paris

Venta
Ali se vê
Onde o arvoredo inventa um ballet
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado e mais parece outro país
Que me estranha mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito

O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
E de versos retos, corretos
O resto da paixão, reguei
Vai servir pra nós
O doce da loucura é teu, é meu
Pra usar à sós
Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti

Nei Lisboa

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pós-Emo

Calças justas, camisetas de bandas indies, maquiagens super exageradas, óculos retrô, mullets, all star, botinhas plataformas, Orkut, MySpace... Um novo estilo, que mistura comportamento, moda e exposição da própria imagem no mundo virtual está surgindo entre os jovens brasileiros que tentam escapar do preconceito emo: é o From UK, formado por meninos e meninas (menores de idade, na maioria) que resolveram glamourizar o visual e abandonar a dor-de-cotovelo, tendo como inspiração os jovens britânicos. Estabelecendo um paralelo histórica, assim como o emo, o movimento punk dos anos 70 também fez algo parecido (com maior relevância), quando explorou a imagem e promoveu o famoso lema do it yourself (faça você mesmo), o que desencadeio uma autêntica avalanche de estilos e bandas de rock. No entanto, emos e punks são diferentes em um ponto fundamental: a atitude. Emos reclamam das lamúrias da vida e ficam passivos diante da situação. Os punks também reclamavam, mas queriam promover uma revolução, uma anarquia, a desordem. O punk resultou no pós-punk, que, por sinal, foi muito mais importante (como um Frankenstein, onde a criatura se sobressai sobre o criador) e influente. O emo, pelo jeito, está resultando no From UK. Para os "miguxos" UKs, a postura do it yourself funciona adotando a internet como ferramenta de exposição individual. Neste contexto, o uso do Orkut e fotologs são bem-vindos (para eles), e novas bandas estão virando mania entre a gurizada From UK, grande parte delas descobertas no MySpace: Funeral for A Friend, Tokio Hotel, etc.
Se o emo começar a entrever novos caminhos comportamentais e musicais, não ficando apenas na superficialidade da imagem, essa galera já tem o meu perdão. E eu escrevi "se" (que fique bem claro).

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Procure no YouTube

Peter Gabriel - "Sledgehammer": Influenciada pela soul music, a canção mereceu um clip extremamente criativo e com ótimos efeitos especiais realizados em stop motion (a dança do frango "não assado", por exemplo).

Tom Petty and The Heartbreakers - "Don't Come Around Here No More": Convenhamos, um vídeo clip que tem como inspiração "Alice no País das Maravilhas" não deixa de ser interessante, e, obviamente, surreal. Porém, o resultado final dessa maluquice toda é um dos vídeos mais "acachapantes" e antológicos de todos os tempos.

U2 - "All I Want Is You": A história do anão de circo que se apaixona pela trapezista e a balada do U2 casam perfeitamente neste clip. O vídeo prende a atenção, mas não vou revelar qual é o final do "romance" (quem ainda não viu, que veja).

Michael Jackson - "Thriller": Se um vídeo clip pode ser chamado de clássico, é este. Inspirado em A Volta dos Mortos Vivos, Wacko Jacko fez um curta metragem de aproximadamente 14 minutos e influenciou muitos filmes de "terrir" (?!) que infestaram a década de 80. Ah, sim... e tem a música.

Ramones - "I Wanna Be Sedated": Mas que zona é aquela que acontece atrás da banda?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mr. Robert Allen Zimmerman

"Aquele que não está ocupado nascendo, está ocupado morrendo"

Trecho da música "It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)" - Bob Dylan

terça-feira, 11 de novembro de 2008

BRock, um lutador

Há um aspecto curioso na história do pop rock nacional: o gênero não evoluiu de forma linear, digamos assim. Foi Beatles iê-iê-iê demais (leia-se Jovem Guarda) nos 60. Tropicália MPBista nos 70. New Wave americana e Pós-Punk inglês nos 80. Forrocore e Mangue Beat nos 90. Popcore/Emocore nos 2000. Ou seja, uma década sempre nega a outra sob o ponto de vista da estética roqueira (ou se faz uma simples cópia do que é realizado lá fora, ou se busca a "brasilidade"). Para piorar (ou não), a década de 70 foi mais MPB do que rock. Naquela época de ditadura brava, o rock era visto como cultura subversiva e poucos se dedicavam a este tipo de música. A Tropicália tentou juntar os dois estilos no final dos 60, mas quem realmente saiu ganhando durante a década seguinte, e com mérito, foi a MPB. Com a ditadura menos feroz, o rock no Brasil "desbundou" e se tornou popular nos 80. Na década de 90, a mistura com ritmos regionais (numa tentativa de criar uma cena autenticamente brasileira) foi o que aconteceu de mais interessante, algo deixado de lado nos recentes 00. O rock feito por aqui é assim; caminha através de rupturas que nem sempre significam ir além do que está sendo feito. Parece a política do país; quando um governante sai, o outro vem e acaba com tudo o que foi feito antes.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Jogo dos sete erros?



Bons clips de Terceira Edição ("Mundo Mudo") e de Gram ("Você Pode Ir Na Janela"). Vale a pena conferir.

domingo, 9 de novembro de 2008

Uncle Vinil

Dando uma olhada numa dessas livrarias famosas que estão presentes nos shoppings do país (e que além de literatura também trabalham com música e cinema), eu encontrei, por acaso, um vinil duplo do Bloc Party para vender por "míseros" R$ 119,00 (!). Era importado, blá, blá, blá, mas dizem que vinil não vale mais nada, não é? Sei. Pura lei de mercado. E olha que era do Bloc Party (bandinha indie que nem todos conhecem). Deixa o vinil voltar para você ver só o quanto vai custar cada "bolacha". Os meus estão aqui, não desfiz de nenhum (e tocam que é uma beleza no aparelho de som vagabundo). Mas claro que isso é uma utopia, e um retrocesso (embora a comercialização de novos lançamentos, no exterior, já seja uma realidade). Agora, que a tecnologia de bits foi o tiro mais bem dado nos pés das gravadoras fonográficas, isso foi. Facilitou (e muito) a pirataria exacerbada (leia-se compartilhamento de músicas). Thanks, Bill Gates, Steve Jobs, etc, etc, etc.

"Nossa linda juventude"

Você já leu sobre os tais heteroflexíveis? São meninos e meninas que beijam pessoas do mesmo sexo para experimentar, fazer uma "brincadeira", ou mostrar certo ar de modernidade. Pois é, além dessa tribo "heteroflexíveis", também há uma outra ridícula que grava brigas entre "amigos", na "porradaria" mesmo, para depois colocar em sites ou nos YouTubes da vida. Sem contar, claro, aquela famigerada "tribo cibernética" que incentiva suicídios, cujo ícone máximo virou até assunto de várias revistas de grande circulação no país. Isso é falta do que fazer. Cabeça vazia. Falta de educação, de cultura, de orientação, o que for. Antes, era uma simples questão de montar uma banda de rock e se rebelar contra tudo e contra todos, contra o tédio. Agora, é curtição sem objetivo, ou com objetivos imediatos e mórbidos. O que me deixa mais perplexo é que essa gurizada tem muita informação (TV a cabo, internet, etc), mas não tem conhecimento; não consegue assimilar o que é certo e o que é errado. É uma falsa liberdade catalisada pela curiosidade imatura e sem limites que a maioria dos adolescentes tem. Porém, não quero generalizar e, muito menos, cuspir regras. No final das contas, é cada um no seu cada um.

Que Rock é Esse, Tchê?

O rock gaúcho sempre foi influenciado pelo classic rock de artistas como Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Bowie, etc, e também pelo punk/pós-punk inglês. É um tipo de música que não permite muito a mistura de estilos e prefere ser o mais básico possível: Replicantes, Engenheiros do Hawaii, Taranatiriça, Garotos da Rua, TNT, Nenhum de Nós, Cascavelletes, Júlio Reny e o Expresso Oriente, Acústicos & Valvulados, etc, comprovam essa tendência. Pelo menos era assim quando eu morava por lá, e suponho que continue do mesmo jeito, com poucas variações para o grunge (Reação em Cadeia) e para o emocore (Fresno). I know it's only rock'n roll but I like it, like it, yes, I do... Aproveitando o provincianismo de rua; um fato interessante é que as bandas do RS sempre tiveram essa coisa de sobreviver fazendo shows dentro do seu próprio Estado, quando muito em SC. Grupos como Papas da Língua e Comunidade Nin-Jitsu, por exemplo, já eram conhecidas do público sulista desde o começo dos 90 e, até serem conhecidas nacionalmente (ou quase), sempre se viravam bem pelas cidades do interior gaúcho.
Buenas, viventes! E aí tem DeFalla, Ultramen, Júpiter Maça, Cachorro Grande, Wonkavision, Nei Van Soria, Video Hits, Tequila Baby, Maria do Relento, Pata de Elefante, Bidê ou Balde, Walverdes, Superguidis... É só escolher e mirar no alvo.

sábado, 8 de novembro de 2008

A insatisfação do 1408

No meu conceito simplista, "1408" é um coito interrompido: aquele que você está quase gozando e subitamente a transa é encerrada. Foi essa a sensação que ficou ao ver o filme. Tudo porque o fim, neste caso, não justifica o meio, e duas perguntas cruciais ficaram sem respostas.
1) Por que o uso do número 1408? Para tentar ocultar o décimo terceiro andar (algo tão explícito na cena do elevador) e a soma resultar em 13? Sendo assim, poderia ser, sei lá, 1444, 1453, 1417...
2) Por que houve tantas mortes naquele quarto? Samuel L. Jackson (gerente do hotel) e John Cusack travam uma batalha interessantíssima de argumentos (o gerente tenta impedir de qualquer forma que o protagonista entre no 1408) que tudo leva a crer que existe algo misterioso por trás daquelas mortes, algum "jogo" intrincado como o utilizado em "Seven", por exemplo. Ledo engano.
O Inferno de Dante pode ter sido a inspiração? Hum... Cada um na sua no que tange à interpretações quanto às intenções do filme.
Agora, brincando um pouco de roteirista, ou de Stephen King, e sendo um pretensioso pop ao extremo, o 1408 poderia ser um código "além da imaginação" para outra dimensão, ou uma data subvertida entre os números, ou mesmo uma passagem da Bíblia, que vira e volta aparece no filme. Desta forma, os acontecimentos poderiam ser justificados e o fim poderia ser melhor do que: "sim, aquele devaneio psicológico dentro do quarto foi real e o cara esteve, mesmo, com a sua filha morta, mas... e o quéquo?". Conclusão: foi bom, mas poderia ser ótimo.
Deve ter faltado imaginação ou, então, estou ficando velho. Vai ver que é.

Calling Plant

Sobre a possível volta do Led Zeppelin e se a banda deve ou não deve gravar um novo disco (Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham entraram em estúdio, em agosto passado, para trabalhar novas músicas que podem fazer parte de um disco do bom e velho Zep), é o seguinte: se é para voltar, e com Robert Plant nos vocais, volta com um disco de inéditas e estilo atualizado, por pior que seja (pode queimar o filme, claro, mas a intenção de mostrar músicas novas já justifica, pelo menos, o retorno). Agora, voltar, como fez o Police, por exemplo, apenas para shows caça-níqueis (chavão), é um tiro no pé; acaba com todo brilhantismo que a banda tinha (passa uma imagem de acomodação "dinossaurotesca") e só vai agradar, na sua maioria, aos velhos fãs (fãs velhos, neste caso)... Aí fica parecendo aquele cara que volta para a ex, todo carente, e percebe que, invariavelmente, é mais do mesmo. Se é para voltar, procura ser diferente e volta com tudo, caramba!

Onde Tudo Começou

Em uma dessas manhãs ensolaradas, no meio da década passada, dei de cara com um documentário chamado "Dogtown And Z-Boys (Onde Tudo Começou)" (2001), que estava sendo transmitido pelo canal GNT. Nunca fui um fervoroso praticante do esporte, mas no final dos 70, começo dos 80, eu e todos os meus amigos pré-adolescentes andávamos de skate sem parar. Era por pura brincadeira e éramos, sim, vítimas de uma moda que havia começado há uns 3, 4 anos antes (embora ninguém da minha turma soubesse disso) através de um bando de jovens surfistas desocupados (os Z-Boys, que formavam o Zephyr Team) que viviam em um bairro barra pesada de Santa Mônica/Califórnia (apelidado de Dogtown).
O que "Dogtown And Z-Boys" tem de bom é justamente a capacidade de resgatar e posicionar no tempo a criação do estilo moderno de se praticar skate a partir de entrevistas feitas com os membros originais do Zephyr Team, entremeadas com fotos e vídeos da época, numa edição muito bem feita. Contando com a narrativa de Sean Penn, o documentário procura contextualizar a importância de uma equipe originalmente composta por doze surfistas (que mais tarde passariam a praticar skate em pátios de colégios e em piscinas vazias) dentro do estilo "prancha sobre quatro rodinhas".
Interessante, também, é observar o caminho traçado por alguns membros do Zephyr Team. Tony Alva e Stacy Peralta (por sinal, diretor do documentário) souberam aproveitar muito bem a "onda" e conseguiram fazer dinheiro e fama com o esporte. Por sua vez, Jay Adams, o gênio criativo e porra-louca dos Z-Boys, à la Syd Barret (Pink Floyd), se perdeu em alguma curva de sua vida e quando foram entrevistá-lo, ele estava cumprindo pena no Hawai.
Outro detalhe que chama atenção é a parte musical. Embora hoje o skate esteja vinculado ao punk/hardcore, o que a galera gostava mesmo era do hard rock comercial que rolava na época (Alice Cooper, Aerosmith, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, etc) ou do glam rock (David Bowie, T. Rex, Sweet, etc). Até por oferecer esse tipo de visão, o documentário é super válido, e para quem é, ou foi skatista, ou mesmo para quem se interessa pela cultura da década de 70, "Dogtown And Z-Boys" é imperdível.

P.S. Em 2005, entrou em cartaz "Lords Of Dogtown". O filme, que conta com as participações de Tony, Stacy e Jay, é inferior ao documentário, mas a trilha sonora, pelo menos, é sensacional.

Escute alto, mas com a luz apagada

Ainda sob o impacto do que foi escutar "Anywhere I Lay My Head", o tal lançamento da Scarlett Johansson, resolvi escrever estas "mal traçadas linhas" para expor a minha opinião. O álbum é bonito, melancolicamente bonito. Nem me dei o trabalho de verificar quem produziu, mas já posso adiantar que a moça andou escutando, e muito, Nick Cave, Jesus And Mary Chain, Tom Waits, Tindersticks, Daniel Lanois, Cocteau Twins, etc. Essas referências percorrem e "assombram" os aproximadamente 45 minutos do disco. Ok, vamos lá, alguns destaques: tudo começa com "Fawn", que, na maior coragem, ou cara de pau, é uma música instrumental meio jazzy, meio blues, o que deixa a entender que a intenção é fazer uma obra com um certo grau de complexidade, independente dos "dotes" de cantora da Johansson (que, como todos sabem, é uma atriz e, aparentemente, não deseja ser uma deusa pop). A partir daí as músicas vão se sucedendo praticamente emendadas umas as outras. "Falling Down", aquela do clip, é de cortar os pulsos e tem o backing vocal de David Bowie, assim como a faixa seguinte ("Fannin' Street"). "Green Grass" é puro Tom Waits e "I Don't Want To Grow Up" poderia muito bem ter sido feita pelo pessoal do Pet Shop Boys. "I Wish I Was In New Orleans" é baladinha estilo "caixinha de música" e "Who Are You" é outra balada matadora que fecha o disco e que tem a participação de Tom Waits, que provou ser, pelo jeito, uma das paixões de Scarlett Johansson, já que, tirando "Song For Jo", todas as outras músicas são de sua autoria.

Veredicto final: "Anywhere I Lay My Head" é mais indicado para quem já passou dos 30, ou para quem entende as razões do coração. That's all.

Trilha sonora folk para adolescente indie

Depois de uma certa resistência ao hype, confesso que achei "Juno" interessante, especialmente por abordar um assunto complicado (gravidez na adolescência), etc e tal. Mas a impressão que ficou é que a produção independente estava muito, mas muito longe mesmo de ganhar o Oscar de melhor filme. Fazendo um pouco de esforço, e chovendo no molhado, o que salva "Juno" é realmente o roteiro e as interpretações dos atores, em especial o Jason Bateman e a Ellen Page. Sem sombra de dúvidas, a relação entre os dois (o cara mais velho que gosta de grunge e Sonic Youth e a menina mais nova que gosta de punk 77) era o ponto alto do filme e, ao meu ver, foi pouco explorado. Inclusive, quando eles começaram a ficar mais íntimos, eu pensei que a trama iria engatar um lado "Encontros e Desencontros" rocker, o que não aconteceu. Porém, essa situação serviu, de certa forma, como base para justificar o final soft (quando a riot girl resolve ficar de fato com o seu amor juvenil, num lapso de amadurecimento que eu não vou desvendar aqui em detrimento das pessoas que ainda não viram o filme). No mais, "Juno" revela aquela eterna angústia de todo adolescente confuso que quer encontrar o seu lugar no mundo, mas, neste caso, tendo que encarar uma responsabilidade de adulto antes da hora. Simples assim.

80s DVD Jukebox

Muito bem... Há pouco mais de um ano, eu comprei um DVD intitulado 80s DVD Jukebox para rever os anos 80 fora do meu contexto de "adolescente oitentista" (e, convenhamos, isso foi "quase" fácil, fácil).
O dito cujo tratava-se de apresentações ao vivo, para um programa da TV alemã (tipo Globo de Ouro), compreendendo o período 80-84, e trazia artistas dublando suas músicas para um público entediado e que se limitava apenas a bater palmas, sentado em suas mesas de boteco... Bom, vamos lá.
O vídeo abre com "Relax", do Frankie Goes To Hollywood, e é aquela b(a)ixaria misturada com putaria (sim, há uma striper no palco). A apresentação vai rolando quando de repente entra um cabeludo de guitarra em punho, fazendo uns passos à la Chuck Berry. Quem era? O Lemmy (Motorhead), que entrou no finalzinho da música e foi levando a striper devagarinho para fora do palco com aquele jeito "esta é minha e ninguém tasca". Em seguida, sem dó, nem piedade, vêm Duran Duran, Spandau Ballet e Talk Talk. New Romantics à solta. Duran Duran e Spandau Ballet realizam apresentações ok, já o Talk Talk parecia inibido, fazendo jus ao nome da música apresentada (a ótima "Such A Shame"). Os próximos são os tecnopop's Depeche Mode e OMD. Confesso que ver o David Gahan rebolando (e muito) em "Master And Servant" foi constrangedor (ainda bem que eu estava sozinho na sala) e o OMD tocando a meia-boca "Talking Loud And Clear" foi de dar sono. De dar sono também foi a apresentação de Marianne Faithfull, sozinha e totalmente sem presença de palco. Mas, caramba, quando eu estava quase desistindo de tudo e perdendo a fé na vontade humana, a sequência do DVD emenda Madness com The Pretenders. A galera do ska justificou o nome da banda e mandou um "One Step Beyond" contagiante e "doidjo de pedra". Ninguém conseguia ficar parado (a não ser a porra do público). Agora, The Pretenders, ainda com a formação original, foi "da hora". Até então (e seguiu assim até o final), era a única apresentação que, para mim, não parecia datada (musicalmente falando). Tocaram "Brass In Pocket", um pop rock clássico e cativante da primeira até a última nota. Buenas, aí, meu caro, veio um Rod Stewart de dar pena. O cara totalmente sem pique, cantando "Baby Jane" sentado no palco junto com a banda de apoio. O horror! O horror! Em seguida, na base do "nós fingimos que tocamos e vocês fingem que gostam", o Police esculhambou o programa com tudo. Sting sem baixo, Summers derrubando o pedestal do microfone e Copeland deixando cair as baquetas. "De Do Do Do De Da Da Da" foi hilária. Robert Palmer é a próxima vítima. Botão skip >> no meio de "Looking For Clues". Chegamos na metade do DVD e vem a sensação típica dos 80: "esqueçam as roupas e os penteados e curtam a música". A Flock Of Seagulls on stage. Realmente, ver A Flock Of Seagulls tocando "I Ran" é uma mistura de sentimentos. A música é legal mas as roupas e o visual da banda são ridículos demais (até para a própria época). Porém, a salvação veio novamente. Como colírio para os olhos (masculinos, pelo menos), temos as Bananaramas. Aqui, elas estão acompanhadas dos Fun Boy Three, do "autista" Terry Hall (ex-The Specials). Por sinal, The Specials aparecem logo em seguida com "A Message To You, Rudy". Duas boas apresentações (e nada de mais). Para encurtar um pouco este blá, blá, blá todo, vou escrever que não conhecia The Look e achei "I Am The Beat" muito The Jam (nada contra o Jam), que Stray Cats é legal, e que Howard Jones, Frankie Goes To Hollywood (de novo?) com "Two Tribes", Wham! (credo!) e Kirsty MacColl não precisavam fazer parte do DVD.
Ok! Ok! Últimos 3 relatos: Os Boomtown Rats tocaram o reggae Banana Republic e Bob Geldof jogou (merecidamente) banana no público. Rod Stewart (outra dobradinha) acordou e resolveu fazer o show usual em "What Am I Gonna Do". E, para ficar definitivamente com cara de anos 80 da cabeça aos pés (literalmente), o Culture Club fechou com "Do You Really Want To Hurt Me?".
Portanto, caro colega, essa foi a minha Odisseia back to the eighties. Em quase 80 (sintomáticos) minutos de vídeo, voltei a ser moleque (mas com senso crítico), viajei nas minhas lembranças e me diverti pra cacete. Putz! No final, mesmo depois desses anos todos, até ficou parecendo que foi ontem que o Ferris Bueller matou aula para curtir a vida adoidado... E foi...

Esse meu masoquismo e complexo de Peter Pan ainda vão acabar comigo.

"Acuma?"

O que vem a ser Vitrola Pifada? Hum... Não sei. Talvez seja, simplesmente, algo que não sirva para coisa alguma ("singela" pretensão metafórica). Ou talvez um nome escolhido ao acaso pela sonoridade das palavras: pense em Paralamas do Sucesso e Biquini Cavadão. Ou ainda pura tolice. O que eu sei é que o blog nasceu para exercer a minha megalomania e para expor as minhas neuroses. It's a joke! :)