quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Entende?

Entendo nada, Pelé. Afora o marketing, gravar vários cds (ou um no estilo duetos) com "os parceiros" Bono, Mick Jagger, Elton John, Rod Stewart e Paul Simon é de cair o cu da bunda e de total vergonha alheia. Volta a vestir a camisa 10 do Santos, volta. Pelo amor de Deus!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Rocket to Russia

O jornalista André Forastieri foi um dos melhores críticos/redatores-chefes que já passaram pelas páginas da Bizz, e um dos responsáveis (in)diretamente (em influência) por eu criar este blog (desculpa, Forasta). O texto abaixo mostra o seu estilo peculiar de escrever; urgente, indo direto ao ponto, dando margens para reflexões, interpretando a seriedade da vida refletida em música e comportamento. Um entre tantos textos interessantes (e clássicos) que o paulista escreveu. Hoje, o Forastieri anda (quase) afastado desse mundo rock and roll, porém você pode conferir as resenhas antigas e a escrita atual do cara no blog que está linkado ao lado (na lista de links). Still crazy after all these years.

Ramones: Rocket to Russia

É duro ser um garoto de doze anos afundado até o queixo no lodoso tédio urbano. Todo mundo dá palpite na sua vida. O status em casa e na rua, a voz e até o corpo ainda são de criança – mas os instintos são de homem, e as garotas, todas ficando peitudas, não estão nem aí com você. Escrotas. Piranhas.

A única saída é dar uma de muito mais durão do que você realmente é. Começar a beber, fumar, bater punheta direto. E estar pronto para sacrificar qualquer coisa por alguns momentos de diversão adrenal.

Mas dá mesmo para sacrificar? É difícil. Nem todo mundo é durão de verdade. Dá até para afetar a cara de mau, mas no fundo você gosta de sessão da tarde… jogar fliperama, tomar milkshake, ouvir rock altão no seu quarto só para zoar com a mãe, pegar uma praia, passear ao crepúsculo de mãos dadas com sua baby (quem dera)…

Dá para jogar tudo para o alto só por um pouco de alegria? Vale a pena matar aula o tempo inteiro, não estar nem aí com a escola? Sim, se isso garantir a admiração das minas e o respeito dos colegas. Mas e se depois você acaba tomando pau por causa disso? Cheirar cola é gostoso… mas faz mal! Mas… qual é o problema de fazer mal? No fundo você vai acabar morrendo mesmo!

Viver é uma confusão desgraçada – e nunca isso fica mais claro na vida de um homem do que quando começam a aparecer os primeiros pêlos na cara.

O absurdo é que quatro nova-iorquinos broncos tenham capturado com tanta precisão este estado de espírito púbere que-se-foda. Sem intelectualismo nem autoparódia e em plena hegemonia Yes-Led, os Ramones inventaram o som da adolescência. Puro, sem misturas, sem gelo.

As bases já existiam, claro. O rock de garagem dos anos 60, a surf music, o bubblegum, Stooges, os Stones do começo, New York Dolls. O próprio Joey Ramone começou a cantar numa banda glam (o Sniper).

Mas os Ramones levaram a coisa um passo adiante, indo direto ao esqueleto do negócio: músicas de dois minutos, refrões simples e riffs primários, letras que viam a dor e a delícia de ser teenager através do rayban da cultura popular mais acessível e rastaqüera.

Tudo tão rápido, pesado e pegajoso quanto possível. Urgente como um comercial de TV. Punk rock, mesmo – se você pensar que punk originalmente significa vagabundo de rua, tranqueira, cara inútil para a sociedade.

Rocket To Russia pegou o que já era perfeito – os dois primeiros discos do grupo, Ramones e Leave Home, ambos de 76 – e elevou à categoria de transcendental. Tem duas covers, “Do You Wanna Dance?” e “Surfin’ Bird”, que dispensam comentários. E outras doze faixas originais essenciais, escritas com senso de humor, produzidas com capricho minimalista e executadas com a fúria e o tesão de quem está se divertindo pra cacete – contra tudo e todos. Entre “Rockaway Beach” e “Teenage Lobotomy” está tudo o que você precisa saber sobre rock.

Também tem “Sheena Is A Punk Rocker”, “Cretin Hop”, “I Wanna Be Well” – mas escute, não é isso que importa. Não importa que Johnny Rotten e Joe Strummer e esse bando todo de ingleses tenham se inspirado e imitado os Ramones, nem que grande parte da new wave, do punk e todo o hardcore deva as calças ao quarteto. Não importa a famosa cena do CBGB, nem o Blondie, nem os Talking Heads. Se discos futuros seriam irregulares, se eles bebiam ou se drogavam, se eles se repetiram, se Dee Dee compunha melhor que Johnny, se Mark isso e aquilo – naaaada disso importa.

O que importa é Joey Ramone cantando “I don’t care about this world/I don’t care about that girl… I don’t care”. Eu não tô nem aí, não tô nem aqui e quero que tudo mais vá pro inferno. I just wanna have some fun.

Ramones, a melhor banda de rock’n’roll da história – provavelmente.

(BIZZ, 1991)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A questão é...

Para que serve pagode "mauríçola", axé "ah ê, ah ê, ô, ô", sertanejo "universitário" e funk "quebra-barraco"? Só para entretenimento raso. Para encher a cara na praia, churrasquinho com a galera, curtir a famosa dor-de-corno, cair na esbórnia, o que seja. O grande problema é quando levam esses sub-gêneros a sério (ainda mais no país da piada pronta e da esculhambação).

Entonces, caia na gandaia neste carnaval. Agora, faz sentido.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Nerd's Rock



"Spike" (de 1989) e "Mighty Like A Rose" (de 1991) foram os primeiros discos que eu escutei do Elvis Costello, e que quase fizeram eu desistir do resto da discografia do inglês. Ambos são trabalhos bem produzidos, sem dúvida, porém pecam pelo excesso, pela pretensão jazzística. Esse vídeo clip é da fase inicial (final dos 70), quando ele perambulava pela simplicidade do pub rock e da new wave, e era acompanhado pelos The Attractions. Aí, sim... Altamente recomendável!

"Radio Radio" - Elvis Costello And The Attractions

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O outro Nirvana

Primeiro a biografia... Depois a "porretada".

Kurt Cobain (vocais, guitarra) e Chris Novoselic (baixo) começam a tocar juntos em 85. Dois anos depois, com Aaron Burkhart na bateria, formam o Nirvana. Ainda em 87, assinam com a gravadora Sub Pop, sediada em Seattle (que fica a poucos quilômetros da cidade natal do grupo, Aberdeen). Após o single de estréia ("Love Buzz", produzido por Jack Endino), lançam, em 89, o primeiro disco, "Bleach", já com Chad Channing na bateria. A música "Sliver" torna-se sucesso nas rádios universitárias americanas e o álbum vende bem. No final de 90, eles deixam a Sub Pop e assinam com a Geffen. Nessa época, Dave Grohl assume o lugar de Chad. Em 91, eles lançam "Nevermind", que chega ao primeiro posto da parada americana e que trazia clássicos como "Smells Like Teen Spirit" e "Come As You Are". O disco foi produzido por Butch Vig (que mais tarde se tornaria o baterista do Garbage). Com o sucesso da banda, vários grupos de Seattle ficaram famosos (ao movimento foi associado o termo grunge) e a cidade virou uma espécie de símbolo do rock moderno. Um ano mais tarde, eles lançam "Incesticide", coletânea com faixas raras do início de carreira. Em janeiro de 93, se apresentam no Brasil, causando polêmicas no decorrer dos shows, e em agosto lançam o álbum "In Utero", menos acessível que "Nevermind". Durante a turnê européia de 94, Cobain entra em coma devido a uma overdose de calmantes. De volta aos Estados Unidos, no dia 8 de abril do mesmo ano Kurt Cobain é encontrado morto em sua casa, junto a um bilhete que explicava as razões do seu suicídio. Era o fim do Nirvana e, de certo modo, da geração grunge.

Há um consenso quase unânime em afirmar que o Nirvana abriu a caixa de Pandora do show business ao transformar o underground em mainstream. Trocando em miúdos: ao transformar o rock alternativo em situação, não mais em oposição, o que resultou na massificação do indie rock e, conseqüentemente, do hardcore/popcore/emocore... blá, blá, blá; e no suposto sepultamento do pop rock (que se tornou o alternativo do alternativo).

As vezes eu até entendo o suicídio do Cobain. Juro.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Deborah

I read your letter
I got it just the other day
You seem so happy
So funny how time melts away
It's such a pleasure
To see you growing
And how you're sending your love
Thru' the air today
I think of Heaven
Each time I see you walking there
And as you're walking I think of children
Everywhere
It's in your star sign
You growing stronger
I can't believe you
It's so good to care
Thru' enchantment - into Sunlight
Angels touched your eyes
Your Highness - Electric - So Surprise
Is this your first life
It seems as tho' you have lived before
You help me hold on
You have a heart like an open door
You sing so sweetly
My Love adores you
She does, she's thinking of you
Right now, I know
The summer's coming
I'll keep in touch so you're not alone
Then like a swallow, you'll fly away
Like birds have flown
So let me tell you
How much I love you
I'd make the songbirds sing
For you again
Well now it's goodnight
Sweet angel, read this letter well

Jon & Vangelis

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Neologismo

Certa vez, em uma das comunidades do Orkut, alguém escreveu que o Jack White (guitarrista da dupla White Stripes) era um merda, no que eu rebati: "Merda é a Meg White (baterista). O Jack White é um merdo".

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O verdadeiro nirvana

Se você cresceu acostumado(a) com computadores conectados na rede mundial e adora baixar aquela música para curtir no seu player favorito, não imagina o perrengue desgraçado que era para conhecer determinados artistas (principalmente os estrangeiros) na era pré-internet. Muitos nem eram lançados no Brasil, ou estavam fora de catálogo há tempos, e a maioria deles, por exemplo, eu só fui escutar graças aos Napsters da vida. O compartilhamento de arquivos facilitou muito e veio para ficar, evidentemente. Mas nada dessas pesquisas na web superou a minha satisfação pessoal de encontrar, entre outros, o "Stupidity", do Dr. Feelgood, ou o "No More Heroes", do Stranglers, ambos em vinil original, em um sebo, lá nos idos de 90, 91; ou o cd simples contendo os dois primeiros discos do Big Star, achado em uma loja de importados, circa 96. Nos dias atuais, em alguns minutos, você pode baixar qualquer álbum, de qualquer artista, e pronto. Tornou-se trivial. Agora, a sensação de descobrir, e de ter, um disco raro naquela época sem internet era de imensurável felicidade tântrica.

Coisas de quem leva (levava) essa brincadeira a sério.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

No joy

Para cada Alanis em baixa que vem, tem um Little Joy em alta que não vem. Havia rumores de um show da banda, que seria realizado no próximo domingo, dia 8, fechando a programação de verão da MTV na Ilha. Pois é... Ficou só nos rumores. E é aquela velha história: vai a Curitiba, pula, vai a Porto Alegre, etc, etc e etc.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Show classe B

Quando vi o clip de "Hand In My Pocket" pela primeira vez, por volta de 1996, achei a música legal e a cantora bonitinha. Depois, fiquei sabendo que a canadense já tinha uma carreira anterior, fazendo o gênero teenage pop. Até aí, tudo bem. Todas as pessoas que deixam algum tipo de impressão merecem uma segunda chance. Porém a super exposição do disco "Jagged Little Pill", a voz "esganiçada" da moça e a performance "abestalhada" de palco deram nos meus nervos e comecei a ficar enjoado. Menos pior que os lançamentos posteriores não tiveram tanta repercussão e que ela deu uma sumida durante os 2000. Essa queda de popularidade (pelo menos nos EUA e na Europa) fica fácil de constatar ao lembrarmos dos onze shows que foram programados para o Brasil (Floripa será o décimo), que só vem a reforçar a idéia de que a artista está com datas sobrando na agenda e que o sucesso no primeiro mundo, de fato, estacionou lá atrás... Mas não estou a fim de perder o meu tempo escrevendo sobre Alanis Morissette. Bom show para quem for amanhã em Jurerê Internacional.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Réu confesso

O ano foi 1985. Começou com o Rock In Rio, passou pelo Live Aid e culminou no surgimento da revista Bizz. Depois, fiquei assim; levando a sério esse estilo de vida. Só faltou tatuar um "mamãe, quero ser rock star!" na testa. Hoje em dia, as coisas estão mais ou menos tranqüilas, e eu até já transformei uma camisa do U2 em pano de chão.

Deve ter algum centro de reabilitação chamado "Roqueiros Anônimos".

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Um marco da música eletrônica

O disco "The Pleasure Principle", lançado em 1979 pelo britânico Gary Numan, é um bom trabalho e não ficou tão datado assim, apesar dos 30 anos ("Time To Pretend", dos novatos do MGMT, por exemplo, possui claras influências de Numan e não faria feio nesse álbum. Escrevi besteira?). Sem contar a importância que o cara teve em toda aquela cena tecnopop do início dos 80 (inclusive no Brasil, vide a "tecladeira" do RPM). Naquela época, só um artista rivalizava com o Gary Numan em matéria de ascendência sobre o pop inglês: David Bowie (dois, vá... Bryan Ferry também).
Se você gosta de synth pop, e nunca escutou "The Pleasure Principle", dê um jeito de conseguir uma cópia.

Só lembrando que o Numan (bem como o tecnopop inteiro) deve até os fundilhos das calças para o grupo alemão Kraftwerk, pioneiro no uso de equipamentos eletrônicos no rock (rock?).