terça-feira, 31 de março de 2009

Quando o BRock virou piada (forçada)

Vou direto ao assunto. Não gosto de Raimundos. Raimundos não dá! Foi a primeira "grande banda" brasileira dos 90 e é de foder a paciência. Autênticas poesias como "Selim", "Reggae do Manêro" e "Me Lambe", entre outras, são tão comoventes. Sem contar aquele fundo musical (puro easy listing) que faz a gente pensar na vida. Não dá, não dá. Se eu começasse com drogas "leves", passaria depois para Charlie Brown Jr., CPM 22, etc, e estaria internado em alguma clínica devido ao uso excessivo de For Fun, Nx Zero, Fresno... Realmente, não dá. Agora, o Rodolfo é um cara legal. Ele viu que o caminho para a eternidade é o Senhor, não uma banda de forrócore (tsc, tsc), e resolveu ganhar dinheiro usando a sua bela voz em favor de uma causa nobre; salvar os gentios do fogo do inferno. Seguiu os passos corretos de tantos outros grandes nomes: Mara Maravilha, Rafael (P)Ilha, Carla Perez, Gretchen. São muitos. Fantástico esse Rodolfo. Mas juro que gostei da capa do "Só No Forevis". Bem produzida. Elegante. E ainda dizem que foi feita só para zoar com os pagodeiros. Nada. Li em algum lugar que os caras são chegados em axé music e tudo mais.
Depois de tantas qualidades, possivelmente eu seja um retardado por não gostar de Raimundos...
Porém... Meu primo de 15 anos, se souber da existência dos cabras, deve gostar.

sábado, 28 de março de 2009

Maturidade pessoal

Quantas vidas você já "gastou" para ser o que você é?

quinta-feira, 26 de março de 2009

É rock, mas não é ROOOCK

Fiquei quinze dias "de molho" para descansar a minha coluna cervical, que está desgastada igual ao dono. Não adiantou muita coisa, porém, como diz uma antiga música do Cidade Negra; "estamos aí para o que der e vier". E vamos em frente. Neste exato momento, escuto o "Urban Hymns" (97), do The Verve, que fazia um tempão que não saía da minha prateleira. As baladas são boas, no entanto os rocks psicodélicos/progressivos são de ralar o saco. Por falar em baladas, psicodelia e que tais, o Radiohead andou fazendo shows pela terra de Cabral e causando comoção nos fãs. Não vi nada, nem pela TV, mesmo porque só dou algum valor para o grupo devido ao disco "The Bends" (95), um dos melhores dos anos 90. Aquele tal de "Ok Computer" (97), super estimado, é tão chato quanto o já citado "Urban Hymns", por exemplo (sem comparações, só uma constatação particular). E como um insight, algo me diz que o Radiohead cedo ou tarde vai virar uma espécie de U2; messiânico e grandioso, ou talvez um Pink Floyd; distante e complexo. Se é que já não anda assim ou assado. Certo é que os shows foram aguardados com fervor por várias pessoas, fãs ou não, pois, afinal de contas, o culto à banda já está se tornando religião e chamando atenção de gregos, troianos e baianos; e também por reunir o Los Hermanos e por trazer novamente ao país o Kraftwerk, outro grupo cultuado e super influente (ambos foram atrações de abertura).
No frigir dos ovos: de um modo geral, vai ser difícil ter outro festival (?) tão badalado como esse durante o resto do ano, mesmo com a chatice de uns (Los Hermanos e Radiohead) e com a frieza "robótica" de outros (Kraftwerk).

Preguiça de escrever algo mais.

sexta-feira, 20 de março de 2009

100

É... A centésima publicação. E não vou disparar foguetes com as minhas ranhetices usuais (até parece). Quero apenas manifestar o meu "achismo" em relação ao conceito de cultura pop, fazendo o uso de poucas palavras: diversão e arte. Não diversão abobalhada. Não arte cabeçuda. Diversão consciente. Arte livre. Está faltando.

That's all, folks!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Indo além dos embalos

Estava assistindo "Os Embalos de Sábado a Noite" dia desses e depois de tantos anos vendo e revendo o filme como um simples espectador, constatei tardiamente um fato: é sobre o mundo da disco music, mas também é sobre heteros rudes e problemáticos tentando se divertir (nada contra a cultura disco, sempre associada ao descontraído público gay, e, da mesma forma, nada contra o dito terceiro sexo). Fica fácil perceber o grau de distanciamento entre a realidade do tema e a moda levemente "envernizada" observando uma cena em que a turma de Tony Manero (John Travolta) dá de cara com um casal homossexual na rua e desanda a esculhambar com a dupla, ou seja, os personagens curtiam aquele lance de dança porque era o "quente" do momento e não porque tinham qualquer tipo de ideologia (se é que isso se aplica neste caso). Portanto, a disco music foi utilizada como trilha sonora para um drama existencial barra pesada e só fez amplificar as atenções em cima da produção. A partir daí, todavia, outro fato também fica claro: o filme se sustentaria sem aquela moda "everybody dance". O assunto é interessante por si só: rebeldia, sexo, violência, drogas, começo da vida adulta. Fiquei pensando o que um Tarantino ou um Guy Richie poderia fazer com um roteiro desses nos dias de hoje (no bom sentido).
"Os Embalos de Sábado a Noite" causou uma imensa avalanche de "dançarinos de final de semana" no mundo inteiro. Casas e mais casas noturnas foram criadas para acompanhar a onda. Discos (os bolachões de vinil) eram produzidos em verdadeiras linhas de montagem "let's party". Isso em plena efervescência punk "no future". Mil novecentos e setenta e sete foi um ano ou um nó cultural?
Outro (e principal) ponto a se destacar, aproveitando a idéia analítica do texto, é a atual e agonizante cultura de massa. Com tantas informações, com tantas formas de se comunicar, de se interagir, de facilidades de acesso presentes neste milênio, fica difícil imaginar outro tipo de moda tão intensa (tão massificada) como a do filme em questão (emo? não chega nem perto). As pessoas (principalmente os jovens) estão divididas entre mil opções de entretenimento. Não existe tanto blá, blá, blá em cima de um só acontecimento. Existe em cima de dezenas, centenas. A cultura de massa foi desmembrada. É uma verdade que lentamente vai corroer as rádios, as televisões e os jornais. Qualquer um pode ter a sua rádio pessoal on line. Qualquer um pode fazer broadcast de seus vídeos na internet. Qualquer um pode ter um blog para escrever o que quiser. Até um boboca pedante e previsível como eu.

E é assim mesmo. Você começa a "caraminholar" alguma coisa, algum post, e sai isso.

sábado, 14 de março de 2009

Kill the 90's

"Is This It" abriu o caminho para o rock dos anos 2000. Frase besta? De jeito algum. Sem o disco dos Strokes bandas como Arctic Monkeys, White Stripes e The Hives não estariam na boca e nos ouvidos da gurizada mais descolada. Lançado em 2001, e fortemente influenciado pela blank generation, "Is This It" teve apenas um hit ("Last Nite"), mas causou bastante barulho na imprensa especializada, sobretudo na britânica, o que foi suficiente para chamar atenção da audiência alternativa para os rocks curtos e diretos do grupo, e para o vocal desleixado de Julian Casablancas. Novamente, após o estouro de "Nevermind", a estética indie estava em evidência. No entanto, ao contrário do Nirvana nos 90, os nova-iorquinos não fizeram tanto estardalhaço e preferiram ficar fora dos holofotes (e também não houve uma preocupação por parte da imprensa em criar uma cena, um rótulo). Poderiam ser "a" banda dos 2000, porém, de certa forma, não quiseram. Esse status caiu no colo de outro grupo, de outro país: o Coldplay. Com aquela áurea de filhos do U2 e primos do Radiohead, os londrinos lançaram trabalhos mais equilibrados e conseguiram sucesso de público e crítica (algo difícil de acontecer). Não foram tão influentes como os Strokes, contudo a criatividade musical e as melodias presentes nos seus discos fizeram deles super conhecidos. Até rappers como Kanye West e Jay-Z foram "fisgados" pelo som dos ingleses e realizaram trabalhos em conjunto.
The Strokes e Coldplay; duas bandas que caracterizaram bem esta década que está terminando, dividida entre o garage rock e o alternative pop.

De certo modo, ainda não mataram os cinzentos anos 90, mas está bem perto de acontecer. Thanks, God!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Manchester 4 Hull 4



Quando esta banda de Hull, nordeste da Inglaterra, apareceu, era inevitável a comparação com os Smiths. A instrumentação e o vocal realmente lembravam a turma de Morrissey. Porém, os Housemartins não fizeram tanto sucesso como a banda de Manchester fez. Mas os Smiths também nunca tiveram um tema de novela da Globo como os Housemartins puderam ter: a música "Build", que ficou conhecida no Brasil como a melô do pa-pa-pa-pa-pel. O vídeo-clip acima é um dos primeiros sucessos do quarteto. Repare bem no início. Para quem não sabe, o cara com uma caneta na boca é o Norman Cook, atual DJ Fatboy Slim, que antes de atacar nas pick-ups era baixista dos Housemartins.

"Happy Hour" - The Housemartins

sexta-feira, 6 de março de 2009

Decano decadente

Você sabe que está ficando velho quando as situações se tornam um tanto quanto óbvias.

Ando sem inspiração para escrever por aqui e confesso que não tenho mais paciência para cultura pop. Fosse há alguns anos, seria menos problemático refletir sobre o assunto. Mas agora, depois de tanto tempo fazendo disso quase uma devoção (algo espiritual, pelo menos), já não me empolgo com o que escuto/vejo (muito por culpa da mesmice que toma conta dos meios de comunicação, e por mim mesmo). A maioria dos textos publicados neste blog foi tirada de discussões feitas em comunidades do Orkut, ou seja, pequenos espasmos de emoção e de vontade que cismam em permear as minhas veias. Uma coisa ou outra ainda me atrai, porém quase já não leio sobre música/comportamento como antes e nem procuro mais a "next big thing" (expressão utilizada pra designar uma nova banda que pode se tornar grande). Espero chegar. Quem lê esta joça sabe que invariavelmente eu resvalo em assuntos básicos (e mais do mesmo): anos 80, punk, pós-punk, pop rock, etc. No máximo chego ali perto de um Franz Ferdinand ou de um Little Joy. Virei um decano decadente da cultura pop. De qualquer modo, pretendo levar o blog do meu jeito. Assim, meio desligado do que acontece nesse "paraíso" rocker que eu percorri durante anos.

Ontem, quinta-feira, teve show do Deep Purple em Floripa. E eu nem sabia. :)

domingo, 1 de março de 2009

Davi e Golias

Iggy Pop (vocalista do Stooges) e David Johansen (vocalista do New York Dolls), dois pioneiros do punk rock americano, tiveram nítidas influências de Mick Jagger. Ironicamente, ou não, anos mais tarde a banda do senhor "lábios de borracha" seria um dos principais alvos dos punks ingleses (seus conterrâneos e admiradores de Pop e Johansen). Mas os Rolling Stones foram tão importantes assim para o surgimento do punk e os reais traidores de tudo o que se resolveu chamar de rock (no sentido mais pueril)? Numas.
A atitude stoniana de derrubar tabus, o perigo constante, o deboche, a ironia, a provocação, isso tudo também fez parte da receita punk (e da blank generation). Por outro lado, Jagger e companhia transformaram o rock em carreira profissional, levando a sério uma simples forma de entretenimento, em meio aos excessos e porra-louquice que acompanharam a banda durante os anos 60 e 70 (o mesmo ocorreu com Who, Floyd, Led, etc). A partir de um determinado período, os Rolling Stones passaram a funcionar como uma empresa, tornando a situação insuportável para os puristas do rock (principalmente na sua terra natal). Enquanto eles eram venerados pelos americanos, eram odiados pelos jovens ingleses, e isso tinha uma explicação: em meados dos anos 70, o desemprego e a falta de perspectivas atingiram em cheio a Ilha da Rainha Elizabeth e a extravagância dos Stones não ajudava em nada. Todos os jovens roqueiros queriam ser como eles (ricos e famosos), mas, ao mesmo tempo, também queriam destruí-los (ou usá-los como trampolim para o sucesso). Pronto! Estava criado o movimento punk. Era uma autêntica luta entre Davi e Golias. Porém, sem vencedor e vencido no final. Os Rolling Stones, à sua maneira, estão por aí até hoje, caminhando como Tiranossauros Rex em meio a um cenário musical pobre. Por sua vez, a atitude punk migrou e está com os geeks da informática (sim, as bandas "revoltadas" de outrora não significam coisa alguma). Agora, o "do it yourself" é feito de bits e bytes. Simples assim.