domingo, 29 de novembro de 2009

Canção do Amor Imprevisto

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

(Mario Quintana)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A dança do tempo

Quando vi "Fletch Lives" (filme estrelado por Chevy Chase) pela primeira vez, no meu então vídeo cassete novinho (que Deus o tenha), lembro que nos créditos finais rolava uma música contagiante e ao mesmo tempo diferente, meio funk, meio blues, pontuada por instrumentos de sopro e um acordeon. Enquanto os letreiros subiam, procurei por ela e a única pista que eu tinha era um nome: Buckwheat Zydeco. Isso foi no início dos anos 90, época de poucas informações e de difícil acesso a determinados artistas. Porém, graças à Bizz, eu já sabia que Buckwheat Zydeco era o pseudônimo de um cantor e acordeonista americano, que se dedicava a um estilo musical chamada zydeco. Certamente, encontrar um disco de zydeco por aqui era querer demais, e coisa de outro mundo (ou de primeiro mundo), e esse caso de "amor" repentino se perdeu no tempo. Quase vinte anos depois, na semana passada, revi o filme e lembrei da tal canção. Procurei novamente nos créditos finais para recordar o título dela e... Cadê todos os créditos finais? Minha versão de "Fletch Lives" terminava antes de terminar (?!). A expectativa ficou ainda maior. Mas, agora, eu tinha uma arma poderosa chamada internet e um detetive "casca grossa" intitulado Google. Após realizar uma rápida pesquisa, utilizando trechos da letra, do pouco que dava para ouvir enquanto os créditos subiam, combinado com o nome do cantor, consegui encontrar a música e baixar para o meu micro. Entusiasmado, fui escutá-la na íntegra, com a devida atenção (sem a interferência do filme ou dos letreiros), e ela continuava ok. No entanto, obviamente, o tempo havia passado, desandado, e a sensação final parecia um daqueles típicos casos de sentimento anacrônico, pertencente à memória afetiva, recuperado para uma emoção passageira. E só. Too bad.

Ah, sim. O nome da música é "Make A Change".

E, realmente, algumas coisas mudaram desde então, principalmente a tecnologia da informação, para melhor, e a minha paciência para cultura pop, para pior.

domingo, 22 de novembro de 2009

Rápido e rasteiro

Uma rápida retrospectiva de cinco décadas de pop rock.

Anos 50/60
· Bill Halley And His Comets gravam "Rock Around The Clock".
· Chuck Berry lança o seu primeiro disco.
· Little Richards transforma uma canção de uma garota na famigerada "Tutti-Frutti".
· Elvis Presley lança "Hound Dog"/"Don't Be Cruel", compacto de rock mais vendido até hoje.
· Buddy Holly, Richie Valens e o DJ The Big Booper morrem em um desastre aéreo.
· Em um reencontro num trem, Mick Jagger e Keith Richards resolvem montar uma banda de blues.
· Os Beach Boys realizam o primeiro ensaio na casa dos pais de Brian Wilson.
· The Kinks lança "You Really Got Me", música que influenciará o hard rock dos anos 70.
· Bob Dylan toca folk com instrumentos elétricos pela primeira vez.
· Começa a Jovem Guarda no Brasil.

Anos 60/70
· Aparece nos Estados Unidos a resposta americana aos Beatles, The Monkees.
· Jim Morrison torna-se o primeiro cantor a ser preso em pleno palco.
· Janis Joplin sai do grupo Big Brothers And The Holding Company e inicia a carreira solo.
· É realizado o festival de Woodstock, reunindo quatrocentas mil pessoas.
· Paul McCartney anuncia o fim dos Beatles.
· O ZZ Top lança o seu primeiro disco intitulado... "First Album".
· Os Secos & Molhados tornam-se a sensação nacional.
· Bruce Springsteen lança "Born To Run", disco que o projetou para o público americano.
· Surgem os Ramones, um dos maiores nomes do punk rock americano.
· Malcolm McLaren, empresário dos Sex Pistols, convida John Lydon (mais tarde, Johnny Rotten) para entrar na banda depois que ele entrou em sua loja com uma camisa escrita "I hate Pink Floyd".

Anos 70/80
· "Rumours", disco lançado pelo Fleetwood Mac, será um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos (aproximadamente 26 milhões de cópias).
· Mark Knopfler resolve deixar de ser jornalista para formar o Dire Straits.
· Liderados por B-52's, Devo, Blondie e The Cars, o movimento new wave toma conta do mercado.
· David Bowie muda-se para Berlim e lança a trilogia "Low"/"Heroes"/"Lodger", produzida por Brian Eno.
· Chrissie Hynde sai dos Estados Unidos e se manda para a Inglaterra, onde forma o Pretenders.
· O Clash lança "London Calling", clássico punk.
· A MTV passa a ser a primeira emissora a transmitir música 24 horas por dia.
· A banda carioca Blitz faz enorme sucesso, abrindo caminho para o BRock.
· O Van Halen se apresenta no Brasil, ainda com Dave Lee Roth nos vocais.
· É realizado o Rock In Rio, o maior festival de rock feito até então no país. O fato iria se repetir anos depois, com a segunda edição e, mais tarde, com a terceira.

Anos 80/90
· Os Titãs lançam "Cabeça Dinossauro", um dos melhores discos de rock do Brasil.
· "The Joshua Tree", do U2, chega ao topo da parada americana.
· O Nirvana foi a primeira banda alternativa a ter sucesso nas rádios comerciais.
· O Guns N'Roses lançam dois álbuns de uma só vez; "Use Your Illusion I" e "Use Your Illusion II".
· Eric Clapton ganhou uma coleção de seis Grammys pelo seu disco "Unplugged".
· Após um "pequeno atrasado" de 30 anos, os Rolling Stones se apresentam no Brasil.
· O forrócore dos Raimundos chama a atenção da mídia especializada.
· Com o fim dos Pixies, Black Francis troca de nome (adota, Franck Black) e parte em carreira solo.
· Neil Young se junta ao Pearl Jam e grava um disco, "Mirror Ball".
· O Oasis alcança sucesso popular com a música "Wonderwall".

Anos 90/00
· Morre Chico Science, um dos fundadores do movimento mangue beat
· O Radiohead lança "Ok Computer", eleito por vários críticos como um dos melhores discos da década de 90.
· O Napster é o primeiro programa utilizado para o compartilhamento de músicas na internet.
· Depois de anos no ostracismo, a banda oitentista Capital Inicial ressurge das cinzas com o "Acústico MTV".
· O grupo novaiorquino The Strokes lança "This Is It", trabalho que (re)abre o caminho indie para dezenas de outras bandas.
· A cantora baiana Pitty se torna a nova "rainha do rock nacional".
· "A Rush Of Blood To The Head", segundo álbum dos londrinos do Coldplay, faz grande sucesso ao redor do planeta.
· Um novo estilo cai nas graças dos jovens roqueiros mais "emotivos": o emocore (uma variação do popcore).
· O Police se reúne para uma turnê mundial, após vinte anos de separação.
· A vida polêmica da "diva" Amy Winehouse se torna alvo dos tablóides ingleses.

zzzzzzzzzzz...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Os Matadores



Uma das melhores bandas dos anos 00 vem pela segunda vez ao país para um show único em São Paulo, no próximo sábado (21). Boa pedida para quem está cansando de emocore vazio e de indie rock chulé.

"Mr. Brightside" - The Killers

domingo, 15 de novembro de 2009

Brasil

Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha...

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer "sim, sim"

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair...

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...(2x)
Confia em mim
Brasil!!

Cazuza

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fé cega. Pedra na mão.

Buenas, o melhor disco de todos os tempos para mim é "Exile On Main Street", dos Rolling Stones, o que é motivo suficiente para eu odiar os Beatles (em uma clássica, e babaca, oposição). Mas essa polaridade não tem mais razão de ser, nem sou tão bitolado assim. Tenho um profundo respeito pelos caras de Liverpool, óbvio, e gosto de várias músicas (geralmente, as da fase mais "madura" dos fabs). Não dá para "odiar" (termo punk demais) quem causou uma mudança sócio cultural (positiva, ao meu ver) tão grande e deu uma sobrevida eterna ao rock. O único senão, neste caso, é a constatação de que o quarteto foi (ao lado de Elvis Presley e Michael Jackson) o supra sumo da histeria coletiva e do lugar comum. Milhares de imitadores pelo mundo afora deveriam agradecer todos os dias pela banda ter existido (o pessoal da Jovem Guarda que o diga). E a culpa (se é que existe isso) mais uma vez recaí em cima dos fãs super apaixonados, com fé cega. Beatles virou uma religião (o Lennon estava certo) onde não cabe nenhum tipo de crítica contra a imagem "imaculada" do grupo. Da mesma forma, existem os detratores que ficam "jogando pedras na porta da igreja", tentando tirar proveito da situação. Esse extremismo todo é um exagero desmedido para algo não tão sério (nem vital) chamado show business. E, você sabe, tirando saúde, dinheiro e sexo, o que é demais enjoa.

domingo, 8 de novembro de 2009

365 dias

Um ano de Vitrola Pifada. E este blog emplacou, pelo menos, alguns textos em um outro blog (colaborativo) pertencente à MTV. Confira (enquanto estiver no ar):

De volta para o futuro

Dogtown and Z-Boys - pranchas sobre rodas

Davi e Golias

Pós-emo

O estrelão injustiçado

Motown - Hitsville USA

Perguntas e respostas

Há 20 anos

A revolução do rock

O nascer da modernidade (New York Scene)

Que Rock é Esse, Tchê?

Não é nada, não é nada. É alguma coisa.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

1991

"Nevermind"- Nirvana
"Ten" - Pearl Jam
"Metallica" - Metallica
"Blood Sugar Sex Magik" - Red Hot Chili Peppers
"Achtung Baby" - U2

É... A década de 90 até que começou bem, com vários álbuns clássicos que redefiniram o mapa do rock mundial. Depois foi ladeira abaixo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Tiro curto

Sex Pistols
Never Mind The Bollocks Here's The Sex Pistols (1977)

A rebeldia e a diversão descompromissada dos anos 50 estavam de volta, pelo menos assim parecia quando os Sex Pistols surgiram. Empresariados por Malcolm McLaren, o quarteto eliminou todos os detalhes supérfluos de um gênero desgastado e renovou com ferocidade. Quando o álbum foi lançado pela Virgin, eles já haviam passado por outras gravadoras, mas sempre tinham o contrato rescindido por se comportarem mal, o que rendeu uma "homenagem" à EMI (que dispensou a banda após um dos membros vociferar a palavra fuck na TV, algo impensável na época). O compacto "God Save The Queen", com uma letra provocativa direcionada contra a realeza, foi lançado um pouco antes do disco ir para as lojas (e ser recusado pela maioria delas devido ao conteúdo ofensivo da capa) e durante um certo tempo Johnny Rotten (letrista/vocalista) não podia sair nas ruas sem ser agredido. Soma-se a isso os riffs simples da guitarra de Steve Jones (responsável pelo tal fuck), a bateria marcante de Paul Cook e a conduta junkie de Sid Vicious, que substituiu o baixista original (Glen Matlock), e estava declarada a anarquia no Reino Unido.
"Never Mind The Bollocks Here's The Sex Pistols" foi o único álbum de estúdio gravado por Rotten e cia, e depois de muita pressão e desentendimentos, o grupo implodiu no ano seguinte, logo após uma excursão turbulenta pelos Estados Unidos. Porém, o "estrago" inconformista no rock já estava feito e se estenderia pelas décadas seguintes.