quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Rock empoeirado



Algumas bandas clássicas nunca vieram ao país: Beatles, Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, Dire Straits. Outras demoraram quase uma eternidade: Rolling Stones, Sex Pistols, U2, R.E.M. Agora, no segundo caso, se enquadra um trio de texanos porretas que tem shows previstos para dezembro em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Formado em 1970, o ZZ Top é composto por Billy Gibbons (guitarra, vocais), Dusty Hill (baixo, vocais) e Frank Beard (bateria). Desde o início, o grupo adotou um blues rock sujo e com fortes raízes texanas, e se deu muito bem com essa fórmula durante todo os anos 70. No entanto, foi só no começo dos 80 que Gibbos e Hill surgiram com as barbas crescidas (marca registrada do ZZ Top) e que a banda adicionou sintetizadores e bateria eletrônica à sua música, renovando seu estilo e criando um eletro boogie matador. Também foi nessa época que o grupo se aventurou a fazer vídeos (de sucesso) para a MTV (algo que, aparentemente, não combinava com os "tres hombres"), atraindo a atenção de uma nova garotada e virando sensação mundial.

"Gimme All Your Lovin'" - ZZ Top

(Nota do blog: os shows foram adiados para maio)

domingo, 25 de outubro de 2009

Ruído contra a psicose

Mas afinal de contas, o que é "rock industrial"? Esse termo insólito foi utilizado pela primeira vez quando a imprensa inglesa se manifestou sobre o disco "The Modern Dance", lançado em 78 pelo Pere Ubu. O som deles podia ser definido como metade Captain Beefheart, metade white noise, e a temática era apresentar o homem como um ser inseguro no mundo pós-industrial, encantado com ele e fragilizado pela realidade. Mas o sentido do rock industrial era justamente lutar contra a ameaça da psicose, em um mundo já desequilibrado emocionalmente.
Assim como o Pere Ubu, o Cabaret Voltaire surgiu no mesmo ano, dando uma forma mais característica ao gênero. O seu som era uma mistura de barulho e música. Depois, seguindo uma linha paralela ao Cabaret Voltaire, apareceram o Throbbing Gristle e o SPK.
A partir de 79, o estilo começava a se alastrar pelo mundo. Na Alemanha, surgiram o Der Plan e o DAF. Dos Estados Unidos vieram o Tuxedomoon, o Boyd Rice's Nom e a solista Diamanda Galas. Em 80, na Inglaterra, a banda Wire inaugurava uma nova forma para o som industrial: a free association, na qual a música era definida durante o próprio processo de composição. O mesmo fazia o grupo Skidoo 23.
Mas o rock industrial atingiu o seu maior peso e impacto com o Einstürzende Neubauten, fazendo música com objetos não musicais amplificados ou distorcendo instrumentos tradicionais.
Na seqüência apareceram Test Department, Severed Heads, Mark Stewart & The Maffia, Psychic TV (a continuação do Throbbing Gristle), Laibach, Coil, Ministry, etc.

Discografia Básica

Cabaret Voltaire - The Voice Of America
DAF - Die Kleinen Und Die Bösen
Einstürzende Neubauten - Tabula Rasa
Laibach - Kapital
Test Department - Proven In Action
Throbbing Gristle - D.O.A.
Psychic TV - Force The Hand Of Chance

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

RIR, PIL e PIM

Há cerca de 4 meses, uma reportagem veiculada na Folha Online fez um certo barulho por conta do assunto em pauta; havia rumores que uma nova edição do Rock In Rio poderia ser realizada no Brasil em 2011. Segundo Roberto Medina (organizador do festival), o RIR 4 manteria a tradição de edições anteriores, levando ao público estilos musicais variados (pop, rock, metal, indie, etc). O berreiro foi por conta dos "estilos musicais variados".

Cá com meus botões: mas, geralmente, grandes festivais de rock são ecléticos mesmo. O mais famoso deles (Woodstock) foi eclético, e os clássicos Rock In Rio 1, 2 e 3, também. Nada de mais. O maior problema do RIR está no nome; a palavra Rock deveria ser mudada para Pop, e, pelo visto, o nome da cidade, agora, deveria ser mudado para Lisboa. Daí o RIR viraria o PIL (puta merda, o John Lydon não merecia isso).

P.S. Da mesma forma, a versão espanhola seria o PIM (Pop In Madrid). 1, 2, 3, PIM, 5, 6, 7, PIM... :)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Teachers

I met a woman long ago
her hair the black that black can go,
Are you a teacher of the heart?
Soft she answered no.
I met a girl across the sea,
her hair the gold that gold can be,
Are you a teacher of the heart?
Yes, but not for thee.

I met a man who lost his mind
in some lost place I had to find,
follow me the wise man said,
but he walked behind.

I walked into a hospital
where none was sick and none was well,
when at night the nurses left
I could not walk at all.

Morning came and then came noon,
dinner time a scalpel blade
lay beside my silver spoon.

Some girls wander by mistake
into the mess that scalpels make.
Are you the teachers of my heart?
We teach old hearts to break.

One morning I woke up alone,
the hospital and the nurses gone.
Have I carved enough my Lord?
Child, you are a bone.

I ate and ate and ate,
no I did not miss a plate, well
How much do these suppers cost?
We'll take it out in hate.

I spent my hatred everyplace,
on every work on every face,
someone gave me wishes
and I wished for an embrace.

Several girls embraced me, then
I was embraced by men,
Is my passion perfect?
No, do it once again.

I was handsome I was strong,
I knew the words of every song.
Did my singing please you?
No, the words you sang were wrong.

Who is it whom I address,
who takes down what I confess?
Are you the teachers of my heart?
We teach old hearts to rest.

Oh teachers are my lessons done?
I cannot do another one.
They laughed and laughed and said, Well child,
are your lessons done?
are your lessons done?
are your lessons done?

Leonard Cohen

domingo, 11 de outubro de 2009

Victor & Leo

Depois de tanto falatório, e certa resistência, dei (opa!) uma "orelhada" no disco da dupla Victor & Leo e... gostei. Se algum dia o rótulo de country/folk rock poderia ser dado a alguma dupla sertaneja, taí o caso.
A primeira música ("Borboletas"), que também dá o título ao trabalho, lembra (lembra, não parece, pelo amor de Deus) o R.E.M. fase "Losing My Religion". Em "Timidez", o começo foi espertamente surrupiado de "Listen to the Music" do Doobie Brothers (ou então foi uma senhora coincidência). "Razão do Meu Astral" é uma balada "crasse" e "Deus e Eu no Sertão" é aquela da novela, uma bela canção que não faria feio (em versão gringa, claro) em um disco do Bob Seger (manja "Shame on the Moon"?). A se descontar, obviamente, as letras "amor com dor, paixão com coração", o clima de rodeio "barretão" e os vocais ainda com aquela impostação clássica do gênero. Mas o tal sertanejo universitário da dupla está, realmente, a alguns passos distante da geração Xororó (na verdade, é uma atualização - sai Roberto Carlos, entra Legião Urbana, por aí).
Noves fora, fiquei pensando: um produtor mais "da hora" poderia fazer qualquer indie nerd ou roqueiro meleca se render ao som dos caras (mesmo não admitindo). Seria bem melhor do que aquela droga de NX Zero, que é a situação, e, por outro lado (epa!), nada mais oposição, nada mais alternativo, nada mais "remar contra a maré" do que roqueiro gostar de Victor & Leo.

Constatações tardias (o disco é de 2008) e "desbundadas", mas eu também já fui indie nerd e roqueiro meleca. Talvez agora eu seja somente um véio nerd e meleca. Deve ser da idade.

Podem jogar os sapatos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Envelheço na cidade



Ele começou a carreira como um clone mal acabado de Bruce Springsteen. Depois de alguns tropeços inicias (leia-se discos fracos) e de mudanças no nome artístico, conseguiu sucesso popular e respeito da crítica especializada ao juntar as suas influências musicais (além de Springsteen, Tom Petty e Bob Seger) com textos "mais sérios" e que exploravam o universo working class hero dos USA. O álbum "Scarecrow" (85) é considerado o seu melhor trabalho. Eu particularmente gosto de "The Lonesome Jubilee" (87), e da canção acima.

A propósito: o cara está fazendo aniversário hoje, e eu também (o que ratifica o título do post). Da mesma forma que Thom Yorke (vocalista do Radiohead), Kevin Godley (músico e diretor de video clips) e... errr... Pitty. No entanto, sou fã de longa data do cantor americano e a escolha do clip seguiu essa "preferência lógica temporal".

"Cherry Bomb" - John Cougar Mellencamp

domingo, 4 de outubro de 2009

Quando a esmola é demais...


Brasil, Copa em 2014 e Olimpíadas em 2016?!

A profecia Maia deve estar correta: o mundo acaba em 2012.

P.S. Sim. Na quinta-feira passada, eu vi o VMB. Mas fui dormir antes de assistir o que eu queria (Franz Ferdinand) de tão chata (e previsível) que estava a premiação.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Me, Myself and I

Estava "minhocando" dia desses: para que tipo de público este blog tem (hipoteticamente) alguma serventia? Quem não conhece o assunto, passa batido. Quem conhece, deve achar uma merda. Então, a conclusão é uma só: escrevo para pessoas que tem interesse em cultura pop e que "nasceram ontem", justamente para adolescentes (ou pós-adolescentes) curiosos (assim penso eu). Porém, meus textos não são dedicados à emos, à 50 Cents, ou à Lady Gagas (salvo esculhambação), não sou chegado em HQ ou em games, e nem procuro por vídeos "engraxadinhus" do YouTube. Muito menos tenho Twitter. E tem mais: a maioria dos meus posts parece rascunho de algum fanzine dos anos 80, uma espécie de cultura pop legada (tá ligado?). Ou seja, devo escrever, conseqüentemente, para mim, para minhas memórias, e, talvez... para ninguém em especial (excetuando as pessoas mais próximas e, quem sabe, os nostálgicos de plantão).
No fundo, eu já sabia. Apenas constatei o óbvio. ;)