terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A revolução do rock

O que foi o movimento punk? Você terá respostas diferentes se perguntar para um americano e para um inglês, entre aqueles que participaram diretamente da sua criação, na década de 70. Para os americanos, a definição correta é que o punk surgiu no clube CBGB, em New York, por volta de 74, com as bandas que tocavam por lá (Ramones, Television, Blondie, etc). Era uma aliança entre freqüentadores desocupados e uma trupe de art rockers, inspirados em Rimbaud (poeta francês). Para os ingleses, tudo começou com Malcolm McLaren, Bernie Rhodes e Jamie Reid. Eles criaram os Sex Pistols e o Clash do nada e saíram para as ruas provocando todo mundo com roupas esdrúxulas, cortes de cabelos absurdos, xingamento e violência. Tirando Iggy Pop e os New York Dolls, para os ingleses ninguém nos Estados Unidos era realmente punk e sim um movimento criado por artistas (!) ao invés de trabalhadores.
Agora, os fatos: O punk rock foi mais forte na Inglaterra e basicamente representava uma ruptura com o tipo de som que se fazia na época. Havia aqueles que fielmente acreditavam nessa ideologia. Era a turma mais aguçada e explosiva entre as bandas de pub rock pós-Dr. Feelgood. E também havia a turma dos aproveitadores anarquistas, que queriam apenas fazer dinheiro, religando a rebeldia do rock, perdida desde a década de 50. Era a luta entre os idealistas e os anarquistas. Estes queriam ganhar dinheiro e acabar com o rock, aqueles queriam que o rock voltasse a ser excitante e que valesse a pena. Os dois lados se divertiram e ambos fizeram muita grana. Mas o que mantinha a união do movimento era o seu ódio consensual pelo rock dos anos 70, monopolizado por "pessoas mais velhas e musicos chatos" (Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd, etc). Dessa forma, o punk representou para os jovens uma oportunidade de demonstrar que não era preciso dominar instrumento algum para fazer música. Qualquer um podia subir no palco e participar do "circo", inclusive as mulheres. Sendo assim, os preconceitos tradicionais para com elas não existiam. Era comum ver bandas com garotas empunhando guitarras e cantando (Slits, X Ray Spex, etc). Hoje em dia, é algo absolutamente normal no rock.
Como a maioria das bandas não era aceita pelas grandes gravadoras, a solução adota foi partir para gravações independentes. Dezenas de gravadoras foram montadas de modo quase artesanal e muitas delas ficaram famosas (Stiff Records, Factory, Rough Trade, Mute, 4AD, etc), revelando grandes artistas do gênero.
Outro fato importante é que os punks reverenciavam o reggae e realizaram uma das uniões mais importantes da história da música.
Por todas essas mudanças causadas, o gênero passou a ser respeitado, e, com o passar dos anos, bandas como Sex Pistols, The Clash, The Jam, Buzzcocks, Siouxsie & The Banshees, Damned (grupo que lançou o primeiro compacto punk) e Stranglers, entre outras, se tornanaram ironicamente clássicas.
Elvis Costello, Nick Lowe, Graham Parker e Ian Dury, também merecem ser mencionados.

Discografia Básica

Buzzcocks - Another Music In A Different Kitchen
Elvis Costello - My Aim Is True
Ian Dury - New Boots And Panties
Sex Pistols - Never Mind The Bollocks Here's The Sex Pistols
Sham 69 - Punk Singles Collection
Siouxsie & The Banshees - The Scream
The Clash - The Clash
The Jam - In The City

Um comentário:

Seidler disse...

Dae...
Muito boa aula...
Muito bom post...

A impressão que fica, lendo o post...é que as gravadoras geralmente não conseguem acertar...ou que não estão preocupadas com a música...pensando bem...eu acho que não estão.
Creio eu, na minha santa ignorância, que gravadora não grava álbum pela arte...e sim pelo dinheiro...prova disso é o pop explodindo do jeito que tá.
E não venha me dizer que isso que fazem por aí é música...:P