quarta-feira, 18 de março de 2009

Indo além dos embalos

Estava assistindo "Os Embalos de Sábado a Noite" dia desses e depois de tantos anos vendo e revendo o filme como um simples espectador, constatei tardiamente um fato: é sobre o mundo da disco music, mas também é sobre heteros rudes e problemáticos tentando se divertir (nada contra a cultura disco, sempre associada ao descontraído público gay, e, da mesma forma, nada contra o dito terceiro sexo). Fica fácil perceber o grau de distanciamento entre a realidade do tema e a moda levemente "envernizada" observando uma cena em que a turma de Tony Manero (John Travolta) dá de cara com um casal homossexual na rua e desanda a esculhambar com a dupla, ou seja, os personagens curtiam aquele lance de dança porque era o "quente" do momento e não porque tinham qualquer tipo de ideologia (se é que isso se aplica neste caso). Portanto, a disco music foi utilizada como trilha sonora para um drama existencial barra pesada e só fez amplificar as atenções em cima da produção. A partir daí, todavia, outro fato também fica claro: o filme se sustentaria sem aquela moda "everybody dance". O assunto é interessante por si só: rebeldia, sexo, violência, drogas, começo da vida adulta. Fiquei pensando o que um Tarantino ou um Guy Richie poderia fazer com um roteiro desses nos dias de hoje (no bom sentido).
"Os Embalos de Sábado a Noite" causou uma imensa avalanche de "dançarinos de final de semana" no mundo inteiro. Casas e mais casas noturnas foram criadas para acompanhar a onda. Discos (os bolachões de vinil) eram produzidos em verdadeiras linhas de montagem "let's party". Isso em plena efervescência punk "no future". Mil novecentos e setenta e sete foi um ano ou um nó cultural?
Outro (e principal) ponto a se destacar, aproveitando a idéia analítica do texto, é a atual e agonizante cultura de massa. Com tantas informações, com tantas formas de se comunicar, de se interagir, de facilidades de acesso presentes neste milênio, fica difícil imaginar outro tipo de moda tão intensa (tão massificada) como a do filme em questão (emo? não chega nem perto). As pessoas (principalmente os jovens) estão divididas entre mil opções de entretenimento. Não existe tanto blá, blá, blá em cima de um só acontecimento. Existe em cima de dezenas, centenas. A cultura de massa foi desmembrada. É uma verdade que lentamente vai corroer as rádios, as televisões e os jornais. Qualquer um pode ter a sua rádio pessoal on line. Qualquer um pode fazer broadcast de seus vídeos na internet. Qualquer um pode ter um blog para escrever o que quiser. Até um boboca pedante e previsível como eu.

E é assim mesmo. Você começa a "caraminholar" alguma coisa, algum post, e sai isso.

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