quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A nova ordem

Estava pensando: essa minha mania de rock anos 80 tem algum sentido agora, quase trinta anos depois? Talvez. As músicas eram melhores? Não necessariamente. Tranqueiras existem em qualquer década. As bandas gringas eram melhores? Hum... Posso dizer que o rock britânico era mais evidente do que o americano. Porém, isso não significa que eram melhores ou piores. As bandas nacionais (e era aqui que eu queria chegar) eram melhores? Digamos que sim. Podem perder na instrumentação, produção e gravação dos discos, mas em matéria de diversão, conteúdo e popularidade dão de relho, fora o caminho aberto quase à força em pleno rescaldo da ditadura e a variação de estilos presentes em um mesmo momento: Paralamas do Sucesso era diferente de Barão Vermelho, que era diferente de Ultraje a Rigor, que era diferente de Legião Urbana, que era diferente de Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, que era diferente de RPM, etc e tals... Essa galera fez muito sucesso e também faria nos dias de hoje. Comparando com a geração dos anos 90 em diante, Skank, Pato Fu, Jota Quest, e até emos, teriam, quem sabe, a sua chance, mas Raimundos, Chico Science e Nação Zumbi, O Rappa, Planet Hemp, Charlie Brown Jr., CPM 22 e outros menos votados ficariam à margem, como ficaram os próprios oitentistas De Falla, Ratos de Porão, Violeta de Outono e Sepultura. Então, por que as bandas dos 80 fariam sucesso hoje? A resposta é simples: a maioria delas, e isso é muito importante salientar, se preocupava em fazer músicas com arranjos não tão elaborados, mas diretos, sem muitas experimentações, e com uma certa linha melódica e letras nada boçais que expressavam muito bem o que era ser jovem e/ou viver em um país difícil como o nosso. Essa fórmula é infalível e aplicável em qualquer época. Contudo, a nova ordem é outra e o cenário atual está diferente. Não existe mais banda com esse perfil (não que eu conheça). A nova ordem (pós grunge) é não ser pop. Exemplo clássico: lembro muito bem quando o Los Hermanos fez um enorme sucesso com "Anna Julia". Depois os caras nem queriam saber mais da música, boicotaram direto, como se fosse proibido ser tão pop assim. Acabaram boicotando a si próprios diante do grande público. Comportamento mais jeca-tatu. No entanto, alguém pode estar imaginando: "Pô, atitude certa dos caras... Legal toda essa geração ter atitude indie e não querer ser pop!" Legal? Legal o cazzo! Seja indie, mas não seja radical a ponto de desprezar o sucesso!

Ok... Creio que o radical anacrônico seja eu e pensei idiotice.

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